sábado, 20 de dezembro de 2008

"Cthulhu Mythos" a Lenda


Era mais um dia daqueles frustrantes em que não se tem uma pinga de inspiração e me entretenho a fantasiar para mim próprio ao som da minha música viciante. Calhou-me a curiosidade num dia em que estava no computador ao som da música "Cthulhu Dawn" dos Cradle of Filth, música do album "Midian", pesquisar um pouco acerca do ser "Cthulhu. Cthulhu é uma criatura gigantesca da ficção, altamente mencionada por Howard Philips Lovecraft (1890-1937), escritor que se destacou nas temáticas de horror, fantasia e ficção cientifica. Um estilo literário marcadamente gótico que teve grande influência nos escritores de horror. O Cthulhu é um ser hibrido octópode alado e segundo o "Cthulhu Mythos", há biliões de anos atrás, a terra teria sido habitada por criaturas que aqui teriam chegado antes que o planeta fosse capaz de sustentar vida por si próprio. Eles e não Deus, teriam criado vida na terra e criaram assim humanos, uma espécie que surgiu para ser simplesmente alvo de chacota.
A obra de H.P Lovecraft foi considerada blasfemo pelas Igrejas fundamentalistas do mundo inteiro e por todos aqueles que acreditam na versão da criação biblica.
Após a morte de Lovecraft em 1937, Derleth foi reconhecido também por este mesmo género de literatura ao incorporar os mitos em suas histórias. Mas Derleth seguiu a sua própria visão, criando um dualismo entre os mitos e o cristianismo, como uma espécie de batalha entre o bem e o mal, rompendo um pouco com o carácter cruel e caótico que caracterizavam outros contos.
H.P Lovecraft não criou os seus mitos através de uma mitologia coesa, apelando à emoção que as suas ideias suscitavam, o puro e simples horror. Enquadrar esta temática numa batalha entre o bem e o mal, seria retirar completamente o horror de seus mitos e seu significado.
Este desenho que eu apresento aqui, não está assim grande coisa, foi um simples treino de claro-escuro. Quero melhorar a minha técnica, para conseguir expressar a minha imaginação de uma forma cada vez mais esmagadora.

domingo, 14 de dezembro de 2008

O Extremismo de meu Ser


Mal a máscara da realidade é desfeita, eu embarco nestas realidades. Os meus egos desfragmentam-se continuamente, favorecendo, exaltando todo o meu ser, transportando-me a topos nunca vistos. Este extremismo de meu ser, é aquilo que me mantém vivo, o imaginário que eu vivo e transporto para o real. Não sou louco, sou deveras lúcido, reles são aqueles que se limitam à sua obsessão taxionómica. Dimensões épicas, heróicas, de amor e ódio.
Utopias criadas, falhadas poderão ser, mas utopias serão. Utopias reconhecidas por uma minoria, pelo meu "eu" simplesmente. Estes mundos, onde os meus corpos ausentes deambulam (alter-egos) são um simples traço de minha histeria, tal como o traço de Fernando Pessoa na sua criação heteronómica. Dimensões nunca irão cessar, uma epopeia ainda em narração.
Ilustração de Tiago Araújo

sábado, 13 de dezembro de 2008

Lobos Alados


Sonhos estes
Que se estalam em neves frias
Que descendem de um crepúsculo azul
O meu pé desce firmemente
Perante a plenitude de um Impossível

E cantos estes
Dançam e entrelaçam-se nos meus ouvidos
E estes nevoeiros são as poeiras
Que vos protegem de olhares humanos
E que se soltam de vossas asas celestes

O sinistro não existe!
Perante o meu olhar que se estende
Sobre Lobos alados que dançam
Dançam em maravilhas instintivas
Em florestas de sonhos perdidos

Tomara terráqueos
Serem dotados de tal espelho
Estes espelhos de brandura bela
Que cegam contínuos arcanjos
Uma puta desumanidade derrotada

Implacáveis seres
Deixem-me alimentar-vos
De óbvios frutos proibidos
E afagar vosso bonito focinho
Passando a mão pela prata do vosso pêlo
Protegendo-vos do Intragável

Esses licores que bóiam
Em aquários viscerais
Substâncias exóticas e cândidas
Banhando os vossos espelhos
Em voos únicos eu embarco
Não sei mais que diga!
Tiago Araújo

domingo, 7 de dezembro de 2008

O Corpo do Artista como Imagem Fotográfica



Um trabalho de carácter pessoal, essencial para a formação de uma identidade artística. Este trabalho foi dirigido para a disciplina de Imagem e Som A do 12ºano, leccionada por José António Fundo. A minha pessoa teve sempre um desejo profundo de narrar a sua vida como um feito épico, heróico e fantástico. Mas a realidade é algo que nunca me permitirá isso. O conhecimento é algo fulcral na sobrevivência, sem ele corremos o risco de acabar seres reles e limitados. Mas à medida que o nosso conhecimento aumenta, conhecemos a barbaridade da espécie, a corrupção hipócrita dos humanos e das chamadas "bestas quadradas" do nosso quotidiano. É este mundo que o meu amadurecer me trouxe a conhecer, um mundo onde as barbaridades se sucedem umas às outras, uma treva subentendida e imperfeita. E por mais que acreditemos em utopias, por mais que desejemos transformar o mundo (um desejo meu incorrespondido), a nossa força não é suficiente comparativamente à passividade e poder de uma esmagadora maioria. A máscara é uma alegoria de todo o negrume que a realidade nos faz absorver, o vil da sociedade em que vivemos. À medida que amadurecemos e o nosso conhecimento avança, vamos ao mesmo tempo conhecendo a fachada nua e crua do mundo em que vivemos. E sendo assim, esta máscara cresce e vinca-se dolorosamente nas nossas carnes. São defeitos como guerras imbecis (levadas a cabo por motivos idiotas) que acabam por trazer evolução às gerações, genocidios, corrupção, desumanidade, preconceitos, machismo retardado que são aspectos ainda aceites em passividade, mas que se costumam dizer actos inaceitáveis. Não vou questionar a existência de Deus, mas só vou dizer que se ele existir, não passa de um sábio ignorante que falhou como todos nós na sua criação. Há uma necessidade em mim de me impor, mudar e transformar o real em algo idealista, um mundo pacifico, de tolerância, de amor livre, o problema é que certos seres humanos não partilham esta ideologia e foram habituados a viver na sua própria imundicie. Mas cada um deverá procurar sua paz interior, já que a paz absoluta é impossivel. E uma capacidade que eu admiro é a imaginação, uma capacidade que nos compensa a nós próprios, a todo o nosso ser. Outro dos desejos presentes em mim é um desejo constante do sobrenatural, do surreal. Uma necessidade de narrar a minha vida como mais daquilo que sou, em actos épicos e em ambientes inimagináveis e fantasiosos que superam de longe a realidade. Posso dizer que sou um pouco ultra romântico, prezo mais o fantasioso do que o real. Quanto mais actualizar o meu conhecimento, cada vez mais fértil será a minha imaginação e maior será a minha capacidade de desfragmentação da minha mente. Sim, a minha desfragmentação em alter-egos, mundos e dimensões do fantástico. Mundos estes onde eu próprio corrijo defeitos e tudo aquilo que se encontra errado com o mundo fisico. A imaginação surge como uma ferramenta que nasce das minhas próprias mãos, uma espécie de tesoura que desfaz temporariamente a máscara do negro da realidade e eu alcanço desta forma uma paz interior. E assim, meus olhos fogosos disfrutam um decisivo momento de derrota da realidade para penetração num mundo intrinseco. Porque esta máscara, é uma máscara que prende o homem ao real, que dilata as retinas ao ser, que apela à razão e despreza a emoção.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Derradeira Destruição do Crepúsculo

Anunciação do Perdão
A um impecável Vilão
Em crimes cheios de explicação

Sinto brisas frias
Das ruínas do Eclipse
Que tu e eu desmoronamos
Para cessar a nossa estupidez

E perante esta mente
Eu caminho perante gelos desérticos
Que esta maldita sereia me cantou
Maldita sereia que me seduziu
Seduziu através de chorosos e tímidos uivos

Cai do crepúsculo abaixo
Bati a pique com minha cabeça
Acordei para a nudez
E agora vejo peixes putrefactos

Acentuaste o meu demónio
Que quer romper as minhas peles
E ingerir humanos
Descascá-los com seus maxilares

Há que superar, há que superar
O crepúsculo que eu ao longe avisto
E que dói na alma
Enquanto eu me encontro no Inverno
No gelo oco do estável da vida

E agora iremos os dois
Subir uma montanha congelada e oculta
Lutaremos até à morte
Como dois guerreiros de ego raivoso

Vagueamos em ventos da morte
Tentamos eclipsar sentimentos estúpidos
E revelar-te-ei
O quanto venenosa é a tua beleza

Sobre glaciares gelados
A nossa dança de suores é travada
E meu amor morrerá de vez
E tu morrerás em minha mente

Sacrifico-te para honrar o negro
Negro negrume de minha alma
Os veludos da sanidade
Que pairam em sangues cerebrais

Tiago Araújo

sábado, 29 de novembro de 2008

Luz e outras Alegorias

Sobre rochedos sós
Os astro precipitam
Sobre ti, a luz
O simbolismo de Esperança

Corajosos e firmes Calcanhares
Que pisam em constância
Numa neve gélida incompreendida

Mas tu compreendes
Esta neve é morno de tua alma
São caricias sobre mãe natureza
São leitos brancos e fogosos
Que se descacam de tuas peles pálidas

Existirás e serás
O Ouro escondido nas ervas
Que mata as fomes
A Nudez sobre águas prateadas

Caem os sulcos de fruta
Sobre as tuas testas
E cabelos enrolados em teus seios

Mas lamentavelmente é o que digo
Tu não existes
Nem sei se és tal coisa imaginável
Por mais que te imaginem

Perdoa-me ser impossivel
Este mundo vilão onde eu habito
Minhas garras de humano
Nunca revelerão extremismo de Ciclope

Deus é chamado
O vulto que se mascarou de Deus
Que não era mais do que um ordinário
Ignorante sábio que falhou como todos nós

Vive esses terrenos inconcebíveis
Na solidão morna do teu gelo
Sê inconsciente até ao eclipse
Não te atrevas a deleitar-te nestes leitos
Que há pouco me referi

Porque eu, enquanto terráqueo
Finjo e finjo, sou fingidor
Finjo felicidade, faço vontades
Sou um guerreiro desértico
Com um talismã quebrado em cinzas

Arrogante e deprimido
A jaula da minha alma
Que sangra constantemente de suas asas

Mas prometo
Um dia serás minha
Cuspirei nas fachadas do benigno mortal
Esculpirei realidades impossiveis
Sendo algo em que sou mestre
Porque a minha vida
É um constante construir de alegorias


Tiago Araújo

domingo, 23 de novembro de 2008

Mensagem a uma Falsa Utopia

Atrevem-se vocês
A romper sonos deliciosos
Sobre meus leitos da Morte

Esta morte surreal
Me leva a dimensões do fantástico
Que vocês jamais embarcarão

São vocês os espectros
Que querem assombrar minha inconsciência
Mas um dia destruirei e mutilarei
O espectro mor da obsessão taxionómica

Ignorantes e ruins bestas
Não me provoquem
A lua da minha mente necessita
De ser constantemente alimentada por ilusões
Ilusões surreais da morte minha
O meu pleno encerro ao exterior

Minhas mãos deslizam sobre os esquiços
Num traço solto e livre
Numa missão fulcral para mim próprio
A derrota implacável da realidade
Envolver o real com leves veludos do eclipse

Pobres sãos e medíocres
Mas que piedade, que inferioridade
Nunca terão a chance
De se deleitar com um experiencialismo estético
De ciclópica intensidade

J. Mind Sullivan Elvenpath

sábado, 22 de novembro de 2008

Não há tréguas perante estes mares

Sereias gritantes
Não se escondam
Pois as minhas visceras
São eufóricas por Natureza

Deixem-se de ser parvas
Entreguem-se ao meu ser
Superior deveras
Que vos criou com amor e tesão

Estendo meus olhares
Sobre estes mares de prata
Meus cabelos vermelhos pairam em brisas
Meus espelhos vagueiam serenos
Guelras e retinas dilatam

A minha fome de ser predador
Constante e constante
Não vos perdoará
Assombrará vossas vaginas
Para sempre!

Siren Nightingale

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Virgindades de Felinos


Animais errantes
Sem direitos concedidos
Sustentam-se de Instintos
Tendem a ser humanizados
Humanizados pelos corajosos
Pelos desumanos extraordinários
Ossos e carnes cerebrais que deambulam por folhagens
E criam sem cessar
Musas inimagináveis
Imagino-vos eu, deleito-me eu
Dotadas de Inocências animalescas
E sonhos do meu terraço
Imagino-vos selvagens como feras
Com garras que descascam colunas masculinas
Olhares de leoa que deliciam em ferocidade
Silhuetas elegantes e cabelos que são fios de água
Mornos fios de liquido amniótico da origem
Luares são os suspiros
Que afagam os nossos corpos
Em leitos amorosos
Crepúsculo que envolve
Felinos da alma humana
Espelhos brilhantinos e puros
Olhares do encanto mortal
Inocências Irracionais Inconscientes
Perante estes mares de veludo loiro
Nos sussurramos eroticamente
Exaltação de nossas vísceras
Numa hegemonia dogmática do amar
Tiago Araújo

Abismos Proibidos

Já nem sei
Que abismo é merecedor
Merecedor dos meus passos

Estes abismos não cessam
Sucedem e perseguem-se
Como espectros poderosos

Quando é que meus passos
Irão subir o torreão de um castelo
Um castelo construído sobre crepúsculos
Crepúsculos de sons harmónicos

Cada vez temo mais
As facadas da ausência
Ausência da correspondência
Não há beijo que me salve

Uma rosa do crepúsculo
De amores aleatórios
Cresceu e cresceu
Acabando desgraçadamente
Banhada numa maresia de esqueletos

Ó Lobo que uivas
Criaturas resguardadas e chorosas
Perdoem este ninho do nada
Do nada que nada pariu
Nem fruto saudável fez germinar

Madeiras velhas de secretárias
Sobre as torres da minha mente
Abro as fechaduras douradas
Para visionar aquele caos ambiental
Papéis dispersos e alegóricos
O dilúvio de gavetas

Minha alma incendia-se
Em chamas e símbolos de coragem
Carnes de minha mão querem arrumar
Caos de minhas gavetas
Um arrumar calmo de pensamentos
Arrumando um trilho de lágrimas

O terraço dos sonhos
Repleto de rosas mastigadas
Um mundo proibido que rejeita meu passo
Estarei eu, destinado
A engolir crânios a minha vida inteira?

Tiago Araújo

domingo, 9 de novembro de 2008

Saxion Amoremort (?-?)

Saxion Amoremort, um demónio milenar criado pelos mitos inconscientes da ignorância da Idade Média. Fantasia e Religião eram os dois expoentes unidos e imbativeis da época, não há religião sem se acreditar em certas fantasias. Hereges eram aqueles que simplesmente não acreditavam em fantasias e condenados eram aqueles que tinham sabedoria. Os ignorantes bárbaros, pelos seus actos de rudeza e de mente repleta de fanáticos mitos falaciosos criaram um monstro. Este monstro andrógeno, sem qualquer identidade sexual, nervuras de visceras e ramos o compunham, dotado de um sorriso feliz e macábro e em profundos níveis de seu corpo habitavam os frios olhares de um mocho que o protege da ignorância. Uma vasta gama de medos carnais balançavam aquelas miúdas sinapses nervosas dos lendários e insignificantes. Dentro de suas mentes, a falta de humanidade e a sua limitação em acreditarem em surreais mitologias e fantasias, foi a semente da dádiva de nascimento a um medo tumular chamado de "Amoremort". Saxion esconde-se em florestas nunca embarcadas, pântanos nunca mergulhados, grutas nunca pisadas, lugares onde o preconceito dominava em apogeu. E assim, durante centenários, este demónio foi um predador mal interpretado. Por detrás de um olhar gélido cheio de satanismos e disfemismos, garras que despiram mil e uma carnes, encontra-se um colossal mal-entendido. Era sim um demónio, que exprimia o seu amor e ingenuidade de forma violenta, mal interpretada e mortal a seus hóspedes corajosos. Assim se chamava ele, de Amoremort, o amor perverso recalcado numa besta furiosa. Saxion era um demónio com extremos vícios sexuais, violando sequóias ou mesmo humanos que invadiam aqueles aleatórios ambientes. E assim é este, o amor de Saxion, que decapitaria, mutilaria qualquer ser. Um ser hermafrodito, apesar de ter esculpida uma vulva no meio de suas ancas vegetalistas. E assim, este monstro viveu milénios e irá viver continuos centenários de fome repetitiva. A ignorância é algo que nunca se irá eclipsar, o mito nunca irá cessar! (Apresentarei o desenho da personagem)

sábado, 25 de outubro de 2008

Memória descritiva de uma semente que se alastrou em meu coração e plantou florestas

Semente que caiu sobre as mãos de um somente, desconhecendo os cúmulos de sua origem.
Desafios em cantos líricos pairavam em sinapses nervosas, o olhar de inconsciente indefeso, inútil e patético adolescente. Dúvidas se suscitavam em conjunto com lirismos, satanismos que o forçavam a abrir as peles e costelas uma a uma. Gestos inconscientes, intenção indolor se sentia ao visionarmos veias que se abriam sobre seu peito e engoliam a semente em escudos de seus pesadelos. Florestas e arvoredos com personalidade exuberante se abriam nos seus ventriculos e auriculas, as carnes absorviam seivas negras e doces e entretanto, surge uma evolução do anterior sujeito que atinge um patamar extremista de rebeldia de sua própria consciência moral, um comandante dos bosques negros do negrume das almas, o fartar de uma imperfeição acumulada por aquilo que nos rodeia, a destruição implacável de toda a nossa fragilidade!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Gata das Trevas

Sobre chuvas espontâneas
Águas deprimidas
Gelos e Lumes
Eu avistei

Lá estava, mas que criatura!
Olhos satanicamente divididos
Por abismos simétricos
Mas que frieza!

Mas que metáfora vem a ser esta?
Esta emoção de amor e morte
Estes pólos extremistas
Ai, que assombro

Camuflagem das Trevas
Negro do Azar
Olhares de má fortuna
Terror nas Ramificações
De minha alma

Mas que Ultra Romantismo tem sido este ultimamente? - Questiono-me.

domingo, 19 de outubro de 2008

A Armadura de um Sexto Sonho

Minha boca
ensaguentada estava ela
Alegorias mutilantes
Venenos segregantes

Mantos rastejantes
De pedras renegadas
Rastejava eu neles
Sem acreditar em reflexos

Verde brilhantina armadura
Descendência de um arcanjo
De onde vens tu?
Quais são tuas preces?

Ousaste em exprimir brilhos
Sobre minhas retinas
Ergueste forças enquanto levantavas asas
Saboreamos o nosso sangue
Beijos da imaginação incorrespondida
Sobre a Lua esfomeada
Perdão surreal este e eu
Não me atrevi sequer
A revelar tabus!

O Sétimo Sonho

Este foi mais um sonho
Para esta vasta colectânea
Que enche lentamente
Dilúvios de minha alma

Estávamos os dois
Dois felinos enroscados
Inocentes Inconscientes
Anarquias de nossas mentes

Abraços surreais
Naquela caixa de cartão
Vivências de um ninho de anjos

Mas entretanto o despertar
Senti suaves gotas de tinta
Sobre minhas testas
Escreviam lentamente
Letras cruas do mecanicismo...
Real!

Ilustração do Poema que está "Escrito na Pedra"


"Cresceu-me uma pérola no coração, mas estou só, não tenho a quem deixar"

Al Berto (1948-1997)
Sangue não é uma expressividade de agressão, mas sim de amor. O sangue derrama-se, não como uma forma de sofrimento físico mas sim emocional. Ali encontra-se, deslocado, um ser que nem tem consciência do mundo envolvente e de si próprio. Coberto de espinhos, da repulsa que este causa, a única vida que lhe resta são folhas que lhe crescem sobre a testa, o germinar de pensamentos rejeitados sem correspondência! Demónio de dentição feroz alimenta-se em seu crânio, representação da sua raiva, revolta recalcada sem expressão possível. Garras do sentimento cresceram em suas auriculas, um toque cego sobre superfícies naturais, toques que saboreiam o tacto de uma pérola alegórica das entranhas. Praias sanguinolentas albergam exuberantes naturezas que tanto querem saborear o gracioso tacto desta pérola. Os olhos de ninfa que se escondem numa tímida árvore protegida por chorosas folhas de limonete, querem conhecer e roubar o sentimento a este terráqueo ser. Deglutição da pérola, esta autêntica relíquia de masturbação mental!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Abandonando o Crepúsculo

Vou abandonar este nicho de mistérios
Este nevoeiro mental
Me tem dificultado pensamentos
Tapando as vistas em cegueira

Este Crepúsculo vindo do nada
De onde vieste tu? Diz-me?
Este crepúsculo que me agarra
Agarra em âncoras autónomas

Crepúsculo este
Quantas vezes eu repousei nele
Em sonos impossiveis
E sonhos sintéticos
Dos momentos do Nunca

Vou abandoná-lo
E procurar outros nichos
Que sejam dignos de consolação
Ser guerreiro novamente!

Plantas que germinaram sobre meus Ventrículos




Plantas que germinam
Irradiam aleatoriamente
São frutos todas elas
Rebentos sem compreensão
Alguém sabe de onde eles vêm?
A amargura em vigor
As lágrimas de Outono que descendem das solitárias árvores
O crepúsculo que não se corresponde
A náusea dos reles que nos rodeiam
Pobres rebentos estes!
Um dia serão salvos deste corpo insano
Terão direito de respirar um oxigénio
Puro sem abafos
Abafos de Romantismo e Negrume
Plantas estas que foram feitas para viver...
Em utopia estética

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Curiosity killed the Cat

A pérola da Solidão segundo Al Berto


"Cresceu-me uma pérola no coração, mas estou só, não tenho a quem deixar"


Segundo a edição do Público de uma Sexta-feira, 18 de Janeiro de 2008, este poema foi um dos que ficou digamos "escrito na pedra"! Agora, o nosso plano de trabalho da disciplina de Desenho A é a ilustração deste poema. Poema este do poeta português Al Berto (1948-1997).

Este desenho simplesmente se trata de um dos esboços do diário gráfico, pois ainda não parti decisivamente para o trabalho em si. Em principio utilizarei depois a técnica de aguarela. Não se preocupem, disponibilizarei depois a ilustração definitiva aqui no blogue. No fundo este esboço retrata uma espécie de desterrado com coração à mostra. Por mais que seu coração se mostre, parece que ninguém se interessa por seus sentimentos. É um ser preso à terra, pois não tem oportunidade de disfrutar de um ascetismo amoroso. Uma minoria de penas que cresce em peles frágeis e depenadas! A venda que se encontra colocada em seu cabelo é o escudo contra a realidade que será enfrentada mais tarde ou mais cedo. Resumindo a situação da personagem: o amor é a alegoria do poço! Executado a grafite sobre papel de esquiço.

Pescoços


Pescoços, que são pescoços? Não lhes chamaria pescoços! Eu diria que são as vias que albergam os orificios da verdade e da falsidade! Ali circundam palavras, secretas e indiscretas, ausentam-se até à sua revelação! São os orificios que nos contaminam os organismos e onde corre fluidamente o nosso ego fogoso! Chamas que se desenvolvem na alma e pulmões que se soltam em piromania gracejante e pesada. As palavras quotidianas que libertamos, um pedaço de chama que se liberta para o exterior! Somos seres semelhantes a dragões exuberantes! Rios sangrentos que alimentam nossa cabeça cheia de pensamentos fúteis e ricos! Carótidas elas se chamam! Pescoço corporal esponjoso, frágil, que nos enaltece em fragilidade. Um corpúsculo indefeso que vive colado a nós, de quem nós dependemos. Irriga sangue que alimenta as retinas, nossas visões cruas, consolantes ou impossiveis! Resumindo em palavras definitivas, o veneno de ilusão! O espectro que nos atribui cor e vida! São estes veludos sedutores sobre as nossas peles que se estendem sobre pescoços das visceras elegantes! Temos receio de o quebrar, pois sua quebra é desastrosa, destruindo graciosidades nossas!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Felinos Humanóides


Onde quer que eu esteja, está o meu diário gráfico. Um calhau que irá sempre ocupar um pouco da minha pasta. Corro de um lado para o outro, frenético que nem uma barata, à procura da minha sala de aula naquela escola que parece um hospital. Sim, eu refiro-me à nova Soares dos Reis que me está a pôr os nervos em franja por ainda não ter tecnologias disponiveis para os alunos e eu mal posso esperar por começar a projectar! Por enquanto, fico-me pela teoria e lentamente vou ganhando inspiração para o tema "Antigamente é que era bom". E vou desenhando no diário gráfico! Andei a divagar um pouco sobre a minha rotina quando devia estar a falar dos felinos humanóides. Na maioria das vezes, quando crio personagens não lhes costumo desenhar com nariz. Porquê? É dificil justificar! Já que desde pequeno tenho a panca de desenhar personagens sem nariz, não sei porquê, acho que lhes atribui um toque de inocência e lhes retira imponência. Mas quando quero criar uma personagem desafiadora e respeitosa, desenho-lhe um nariz penetrante e adunco!
Até ter visto que os meus narizes eram de tal maneira grandes que davam para criar um nariz bonito de felino. Foi muito recentemente que me diverti a desenhar felinos humanóides no meu diário gráfico, e acho que vou produzir uma dúzia de seres como estes!
Não chamo a isto original, mas posso dizer que simplesmente variei um bocado de temática! Estes felinos são as criaturas estreantes deste tema. Ainda se resumem a simples ensaios que poderão inspirar futuras personagens. Mas não pensem que as próximas invenções terão o ar calmo e amoroso destes felinos. Vou tentar fazer uma coisa mais pesada, mas isso depende da minha imaginação que tem os seus altos e baixos. Abram a imagem se a desejam ver com maior qualidade, como é óbvio! No canto superior esquerdo do segundo desenho estão escritos os endereços de alguns bons exemplos de multimédia, desde animações a websites onde estivermos a navegar nas aulas e que eu faço favor de registar.
Referindo-me novamente aos desenhos, francamente acho que o meu estilo de desenho corre o risco de perder originalidade e aproxima-se demasiado à corrente manga.
E mais uma vez me refiro à anatomia que precisa de ser melhorada e também treinada. Muitos psicólogos defendem que na infância é que está a essência da criatividade, pois a nossa inspiração é única e vinda do nada, pois ainda estamos enroscados num conforto de ignorância! À medida que crescemos, é óbvio que o nosso conhecimento aumenta e a nossa tábua rasa vai sendo preenchida de dados e sendo assim, somos influenciados fortemente por aquilo que nos rodeia. E a consequência disso é perdermos originalidade! Evoluimos e retardamos ao mesmo tempo! E há que procurar cultura visual, de forma a tornarmo-nos originais e o mais importante de tudo, individualizarmo-nos!

domingo, 5 de outubro de 2008

Seres Intrínsecos


Uma tristeza do nosso implodir lento por dentro! A venda que em lentidão se solta dos nossos olhos para visionarmos uma realidade negra. Mal somos paridos para este mundo, o nosso conhecimento é uma tábua rasa que se preenche com as tintas crueis da sabedoria que nos abre os olhos para a fachada despida e crua. Nadamos sobre arco íris na apoteose da nossa infância, até sermos sugados por um pântano negro. A este resvalar no precipicio chamamos de amadurecimento. O doloroso processo de amadurecer! Conhecemos a frieza de terráqueos e a corrupção hipócrita e terrena. Os erros que nós e os outros cometem e que nos enchem de exaustão. Nós corrigimo-nos mas eles...será que se corrigem? Grande parte deles está se nas tintas! Somos traidos, desiludidos, muitas vezes por quem amamos e assim deixam eles vestigios carnais. Aqueles que nos abrem fissuras alegóricas sobre nossas peles. É o circulo da vida que temos de tolerar, os obstáculos são demasiados e cada um nos esmaga de forma única! Tudo isto colabora para o desenvolvimento de um negrume de nossa alma. Alegorias que se alimentam de uma bela luminosidade lunar, os veludos da noite que as emancipa!
O nosso ser enfurecido que se quer expressar sem saber como, exprimir a sua revolta em imponência, que se quer sentir superior e destruir a nossa pessoa frágil, cortês e ingénua.
Um ser que deseja esmagar as imperfeições das relações e daqueles que nos rodeiam. Não sei se todos albergam um ser como este dentro de si. Não nos podemos resumir ao facto de que simplesmente somos uma só pessoa. A nossa mente é uma dimensão abismal de onde podemos extrair uma infinidade de elementos que são fulcrais na nossa personalidade, ou seja, nem que seja um pequeno pensamento que nos venha à cabeça, é decisivo na construção do nosso carácter. A consciência moral é um ser que nos susurra ao ouvido, tanto para o bem como para o mal. Mas neste caso estou me a referir a um ser de revolta, que deseja descarregar a sua raiva num impacto esmagador! Como diria Jean Jacques Rousseau, o célebre filósofo iluminista do séc. XVIII, todo o homem é, por condição de nascimento, naturalmente bom!Sendo submetido aos vícios da civilização, é levado à triste bárbarie da espécie e do presente!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O Desejo Paranormal do Sobrenatural

Afinal de contas, todos temos o desejo de ser mais daquilo que somos. Gostavamos de ser personagens, errantes do sobrenatural que montam a sua própria história de forma épica e heróica. E perante este desejo, torna-se doloroso o encarar da realidade crua e da frieza do racionalismo. A imaginação é uma capacidade que nos faz ter necessidade de um além, para fugir ao negrume da realidade e se ela não existisse, os motivos vitais do indivíduo iriam escassear mais tarde ou mais cedo.
A imaginação surge como uma ferramenta de compensação da realidade. Um indivíduo que tem esta capacidade reduzida é simplesmente um ser limitado, frio, demasiado enraizado na sua frieza. Imaginação é aquilo que nos mantém vivos, que nos atribui esperança em reviravoltas sobrenaturais da nossa vida. No fundo de nossos corações mas sem dar nas vistas, acreditamos no fantástico como forma de agitar emocionalmente e heroicamente o nosso ser. A conclusão a que eu quero chegar é que temos necessidade de enfrentar o nosso quotidiano como mais daquilo que somos e revelarmo-nos como seres paranormais e poderosos. Tudo isto faz parte de um processo de auto-compensação. Criamos assim personagens, seres, ambientes e cenários que são extraidos de um segundo mundo, a imaginação. Surgem assim os alter-egos. Os nossos egos são algo devem encaixar na nossa mentalidade, estabilidade e imaginação que vive interligada com a realidade. A auto-estima e a definição que temos da nossa vida e de nós próprios interfere bastante na criação de alter-egos. Seja a auto-estima elevada ou reduzida, tem extrema interferência na criação destes. E quando me refiro a paranormal, obviamente que não me refiro a tretas como "Aliens" e essa merda! Mas refiro-me aquilo que não se encontra envolvido na categoria de realidade material.
Neste pequena tese, simplesmente quero dissecar a nossa vontade interior de sermos mais daquilo que somos e vou dar exemplos: vemos a rapariga que amamos a ser assaltada e nós imediatamente a tentamos proteger. Aquilo que o nosso intrinseco desejava é que nós fossemos uma espécie de guerreiro, samurai ou ninja com poderes sobrenaturais que salva imponentemente a ninfa que estava em perigo do ser demoniaco ou de uma espécie de cavaleiro do mal! Sim, trata-se de uma necessidade de alimentar a realidade de um alimento proibido chamado, surrealismo fantástico! Ao caminharmos uma rua ordinária, desejavamos um ambiente de impacto, que os nossos olhos não estejam cansados de ver. De tudo isto surge a necessidade de criar! O impossivel é sempre reprodutivel para suportes de todo o tipo. Mas seria delicioso se todos nós pudéssemos transformar a realidade em algo favorável para nós!
Criamos histórias onde o nosso alter-ego embarca, concretizando ao mesmo tempo desejos e dramas, de modo a carregarem o enredo de peso suficientemente emocional. O nosso ego sairá sempre ao mesmo tempo favorecido e desfavorecido, os dois opostos inevitáveis!

domingo, 28 de setembro de 2008

Work in Progress


Como podem ver, este é o meu local de trabalho! O meu quarto, uma espécie de santuário pessoal onde passo maior parte do tempo colado ao meu estirador. Nunca fui grande apreciador de desarrumação, mas neste caso posso dizer que naquele dia fui. Sim, quando me pus uma tarde inteira de Junho a finalizar a pintura em aguarela chamada "Amor é Gore".
Costumo estar de phones ou com colunas ligadas com as minhas bandas a dar, Cradle of Filth, Slipknot, Eternal Tears of Sorrow, Kamelot, Nightwish, todo o tipo de Metal! E simplesmente odeio que me interrompam, pois estou no meu direito em ser antisocial! E cuidado, porque qualquer dia monto uma armadilha à porta do meu quarto!
Quanto à fotografia, é óbvio que a tirei à noite e por acaso o quarto estava bem iluminado. Um negrume acumulou-se à volta do ambiente e a luminosidade do candeeiro fez favor de focar o elemento de ênfase na fotografia, o estirador onde eu trabalho.
Mas aquilo que eu mais detesto são as minhas quebras de inspiração que simplesmente me revoltam!

sábado, 27 de setembro de 2008

Antigamente é que era Bom! (Tema apresentado para a PAA na Soares dos Reis)

"Antigamente é que era bom", o tema apresentado para a prova de aptidão artística dos alunos do Curso de Comunicação Audiovisual. Eu estava com um défice de ideias quanto ao tema, mas a última aula de Imagem e Som A fez alargar os horizontes a todos os alunos! Eu sabia que aquele tema não se resumia a velhinhas fartas de reumatismo que queriam ser umas jovens cheias de sex-appeal outra vez. Mas foi preciso uma reflexão profunda acerca do tema para ultrapassarmos um pouco a barreira do óbvio. O tempo é das coisas mais descartáveis e irrecuperáveis deste planeta. É tão descartável e precioso que o homem sente a necessidade de mudar o passado para estabilizar o presente. A nossa vida é um palco, onde somos actores (quando interagimos com aquilo que nos rodeia e enfrentamos as pessoas que nos rodeiam), argumentistas e realizadores (quando definimos a nossa ética, postura, mudanças, atitudes e filosofias de vida) e obviamente que somos montadores! A montagem consiste nas pequenas decisões, erros e atitudes fulcrais que montam o nosso passado, presente e futuro. E por mais que tentemos, a nossa montagem nunca será perfeita pois somos todos seres imperfeitos. Como diria Friedrich Nietzche: "somos errantes num nada Infinito". Nós somos errantes ao ponto de deambularmos condicionados ao nosso destino que consiste numa montagem. E quando jogamos o conhecido simulador "The Sims", sentimo-nos como deuses ao manipular o destino das famílias que criamos! Podemos ser piedosos e concretizar todas as suas aspirações ou podemos ser depravados e afogá-los todos numa piscina. Montamos o seu destino, ou seja, montamos uma cronologia de altos e baixos. E a frase surge "Antigamente é que era bom" como uma necessidade de nos corrigir e reparar a nossa montagem cinematográfica para condições favoráveis, corrigindo ao mesmo tempo as imperfeições do nosso carácter. Uma montagem correspondente a uma longa-metragem onde compreendemos o roteiro da nossa viagem vitalícia. Os cortes ocorrem constantemente e acompanham em frequência o nosso dia-à-dia. Somos nós que vivemos a nossa vida e manipulamos e editamos a nossa montagem, ou há aqueles crentes que acreditam que o destino ou "Deus" é responsável por todo o desenvolvimento da montagem. Como diria Harris Watts "editar é mais uma arte do que uma ciência". Pois se nós tivéssemos a miraculosa oportunidade de repetir toda a nossa montagem, nós iriamos fazê-la de forma única e distinguivel como uma arte de mudar o acontecimento. Concluindo, a montagem tem um forte carácter subjectivo!
A modalidade que estou a trabalhar este ano é multimédia. Mas desde que entrei neste curso, revelei um interesse aguçado pelas três áreas e cada vez mais a fotografia me inspira. Vai ser um grande desafio enfrentar e trabalhar este tema na minha tecnologia. Agora que o tema foi severamente dissecado, tenho que expôr e encaixar cuidadosamente as minhas ideias.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Canção do Corvo para o Cisne

O Ultra Romantismo do Sec. XIX dominava as mentes da época! Trajectos frios de cinza, negrume dos trajes que circuncisavam cidades entristecidas. Em mansões isolavam-se artistas, poetas perdidos no seu abismo interior de dimensões do fantástico. Deliciosas eram todas elas, sim eu compreendo-vos! A vida é dura e os pesos que ela nos carrega são diversos e das mais complexas formas. Rosto pálido e devastado era o do escritor Timothy Thalmadge, o chamado "poeta sem sobrancelhas". Miserável e rico era ele, vivendo só na sua mansão concentrado em madeiras velhas de secretárias, despedaçado coração de ver a sua mulher adornada por um leito de morte. Iluminação de velas eram invocações de caos na sua mente. Rumores diziam que este não usava tinta para escrever, mas sim sangue! Sangue era a sua tinta, que tanto consumiu até ter desmaiado em puros fatos pálidos! Reencarnações, sim todos acreditam, pois todos querem fugir da cegueira do limbo. Mas sim, Timothy fugiu deste lugar com sucesso. Reencarnando nas condições do animal da morte, o corvo! O corvo que vagueava habitações tumulares contrastando com as cinzas da época. Ousou a alegoria de Timothy Thalmadge trespassar as grades que dividiam campas. Explorou um lago e deu de caras com um cisne! O cisne da sua falecida esposa. Mas estas espécies, tão distintas uma da outra: a rebeldia do corvo e a graciosidade do cisne. As penas caiam lentamente das asas do corvo, enchendo um lago de prata em particulas negras. O corvo nunca poderá, nem ousará boiar aquele lago de amores. O corvo encontrou dor, de vivo e de morto, afinal ambas existiam! Visionava o humano numa ave, bicos eram lábios, asas eram braços angélicos, pescoço era elegância, penas eram as visceras que se eriçavam em sexualidade eufórica.
O verão das vidas há de sempre morrer depressa. Não se pode pedir justificações, porque muitas vezes parecem inúteis. O corvo corria o risco de se depenar a partir de agora, sempre que tentava trespassar aquelas grades. Um circulo de traições e novos rumos nos aparece perante a vida, temos que o aceitar infelizmente! Timothy cantou, durante anos, a canção de um corvo para um cisne distante: " Incorrespondências são demasiadas, solidões não faltam, pensamentos não param de planar no preto desta mente, Cinzas espalham-se em corredores, os sangues escoaram-se sobre folhas de papel que me despiram as carnes lentamente".

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Itzari, o Romanticida


Itzari Neruda, um trovador romântico da Idade Média, era de perseguição religiosa onde os crentes eram assombrados por arrepiantes Igrejas Românicas. Escrevia poesia com o seu ego em chamas, declarando-se visceralmente e apaixonadamente a donzelas florestais. Um homem cheio de alma que tinha muito para dar! Mas a sua feiura repugnava-as, as imensas espinhas, o seu nariz adunco e ombros pequenos eram capazes de tirar todo o encanto e ascetismo aos seus poemas.
Um dia, uma das donzelas decide denunciar Itzari à Igreja, a repugnância era tanta que nenhuma fêmea aguentava. Acusou-o falsamente de descrever práticas hereges e profanas com donzelas nos seus poemas e também de desenvolvimento de versículos macábros.
Itzari é alvo de humilhação pública e condenado inocentemente à fogueira. Os bispos queimam as suas obras em fanatismo religioso, sem sequer terem o cuidado de ler os artefactos.
Em frente à Igreja Românica de Ezurbita, Itzari é queimado vivo e reduzido a cinzas.
Mas aquele não era o fim. Itzari merecera uma segunda oportunidade...concedida por satanás.
Assim, recebe uma missão de satanás e são lhe concedidos poderes de extermínio ilusório e macábro. Ele torna-se num romanticida dos Infernos. Os Romanticidas são demónios do submundo que têm a tarefa de enviuvar esposas, sejam elas fieis ou infieis. Itzari recebe uma lista de esposas para enviuvar e aproveita esta oportunidade para se vingar dos vivos.
Casais aproveitavam noites de nevoeiro discretas na floresta para praticarem o amor em todos os seus aspectos. Mas Itzari tenta ser um assassino discreto e sobrenatural. Como um fantasma no nevoeiro, vagueia aquela floresta à espera do momento oportuno. Mal o casal se prepara para uma núpcia nocturna e selvagem, Itzari vira a natureza contra os amantes. As árvores atacam selvaticamente o marido das visceras erectas com ramos que se aguçam em lâminas, acabando por o degolar em infortúnios.
- O amor é a alegoria do poço! - Dita Itzari repetidamente em vozes frias e assombrosas.
A esposa sentia as suas carnes assombradas e amaldiçoadas por aquele nevoeiro que a cada momento se tornava mais horripilante e insustentável. Caules enfiam-se friamente nos seus calcanhares como agulhas. Lentamente as árvores sugavam o sangue daquela musa indefesa, convertendo-a numa boneca morta de olhos revirados, branca como a cal.
Itzari torna-se o Romanticida mais competente e vil dos Infernos, o orgulho de Lúcifer.
Este estava determinado a levar a sua vingança avante, enviuvar a donzela que o denunciou, Lucida.
Ao invadir o castelo discretamente, assistia o despir lento de Lucida. Ao parapeito da janela apreciava os seios redondos e lisos que davam vontade a qualquer homem são de dançá-los na sua mão. Aguçando a sua longa espada acaveirada, preparando para cortar aqueles seios leitosos, desta vez Itzari decide dar a cara ao oponente.
- Deixa que as minhas mãos putrefactas te acariciem de morte esses seios! - Dita Itzari em vozes demoniacas ao ouvido de Lucida.
Massajava aqueles seios em excitação de cadáver e seus dedos iam lentamente se desfazendo em lesmas hominivoras que consumiam as visceras de Lucida. Morria ela em lentidão, dolorosamente! A vingança é executada com sucesso.
Ao voltar ao seu lar, o submundo, é alvo de um castigo por parte de Satanás. Itzari acabara de aniquilar uma das mensageiras dos Infernos. Bem, uma das missões de Lucida foi denunciar Itzari, de maneira a ele se tornar num talentoso romanticida.
Sendo assim, ele é convertido de Romanticida a defunto! Mergulha no abismo escuro da vida, na origem, na pura e simples visão da morte. Um puro e simples limbo negro!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Em breve, teremos BD!

Aos que estejam atentos a este portal, os desenhos executados no ano de 2007 encontram-se um pouco rudimentares.
O meu desenho apresentou alguma evolução e isso reflectiu-se no meu trabalho em geral. A minha dificuldade continua a ser anatomia, apesar de também ter o objectivo de tornar as minhas personagens um pouco longe do real. Por isso terei todo o gosto de vos apresentar em breve a banda desenhada "Armadura de Lobos", uma curta história surreal e freudisiana que narra um amor incorrespondido.

domingo, 13 de abril de 2008

Metamorfose, 2ª parte


Um simples lançar da costela ao abismo é suficiente para o concretizar de uma necessidade.
O modelar de uma autêntica miragem. Uma mulher iluminada com olhos de Loba perdida na sua origem. A transformação intrinseca e exterior, fisica e psicológica, o desejo de muitos.
O amor das entranhas, ascetismo puro da consciência, essência das situações. Assim se conclui esta metamorfose.

Metamorfose


O profundo desejo de automatismo por parte do ser humano. O desejo de criar sem limites e num modo apressado. Obsessão de muitos. O simples concretizar de desejos recalcados.
Bem, indo directo ao assunto, há bastante tempo que não publicava obras minhas. Desta vez, o trabalho consiste numa metamorfose. Realizado no âmbito da disciplina de desenho, através de um elemento geométrico teriamos de desenvolver a metamorfose de um ser ou até de um objecto inanimado. Não havia fronteiras para a nossa criatividade, havendo um certo clima de liberdade e interpretação metamórfica. Tal como Adão e Eva, o rapaz diabólico de capa vermelha extrai das suas entranhas uma costela cilindrica. Uma costela que irá criar um cúmulo do belo e incendiá-lo de desejo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sete Pecados Banais

Com o cruzar quotidiano entre as multidões, pormenores fulcrais que descrevem as verdades cruas desta sociedade que por muito que sejam explicitas, escapam sempre aos nossos olhos. O rapaz que se habitua desde pequeno a ser mimado com doces e que é manipulado pelo doce design de uma embalagem de chocolates, mas que no fundo não tem consciência de que vive condenado. A gula que nos apodera, muitas vezes incontrolável. O empresário que inveja o sucesso de outrem e não consegue conter a sua ira. A luxúria que consome as mentalidades dos burgueses que mais tarde destruirá a sua humildade e consideração, sustentando-se somente do seu egoísmo. A preguiça que destrói os nossos rumos que virá mais tarde afectar os que nos rodeiam. A vaidade que consiste na colocação de um espelho de falsidades que nos consola infinitamente em ilusão. A capacidade pecaminosa que a avareza nos atribui de nos vendar ao mundo e concentrarmo-nos nas nossas intimas vontades. Tudo isto se encontra puramente explícito, que felizmente nos escapa para o bem do nosso sofrimento.

São Bento, portal de rumos traçados

Viagens tão quotidianas que nós simplesmente subestimamos por muita ignorância nossa. Viajar é um abrir de horizontes, embarcamos noutra dimensão e território distinto. Toda a viagem depende de nós, pois todas elas encaixam no nosso inconsciente de cada um, os locais que invadimos, simplesmente desvalorizamos e apelidamos de localidades.
Este local, São Bento, é uma autêntica plataforma destinada a albergar manadas humanas cada uma com seu rumo e destino individual.
Uma viagem traz mudança, uma representação da nossa metamorfose quer interior, quer exterior.
Depois desafiamos a sobriedade e assombro do ambiente daquela sala de espera. O cheiro a velho que afoga os nossos olfactos, os azulejos e bancos tétricos que rodeiam aquele local.
O acto de esperar consiste num sinónimo de isolamento indirecto, um silenciar da nossa mente que podemos afogar nas letras minuciosas de um jornal. Um silêncio de morte que nos isola daquele exterior viajante, será este isolamento uma alegoria da viagem em si.
Mas eis o local onde tudo começa. Os pés que assentam com astúcia naquele solo à espera de um destino a marcar por eles. Túneis que indicam o infinito, a apoteose do destino sem principio, meio e fim. O saborear de um arranque de comboio, significado de um traçar das nossas atitudes, filosofias de vida e mentalidades suavizadas.