sábado, 25 de outubro de 2008

Memória descritiva de uma semente que se alastrou em meu coração e plantou florestas

Semente que caiu sobre as mãos de um somente, desconhecendo os cúmulos de sua origem.
Desafios em cantos líricos pairavam em sinapses nervosas, o olhar de inconsciente indefeso, inútil e patético adolescente. Dúvidas se suscitavam em conjunto com lirismos, satanismos que o forçavam a abrir as peles e costelas uma a uma. Gestos inconscientes, intenção indolor se sentia ao visionarmos veias que se abriam sobre seu peito e engoliam a semente em escudos de seus pesadelos. Florestas e arvoredos com personalidade exuberante se abriam nos seus ventriculos e auriculas, as carnes absorviam seivas negras e doces e entretanto, surge uma evolução do anterior sujeito que atinge um patamar extremista de rebeldia de sua própria consciência moral, um comandante dos bosques negros do negrume das almas, o fartar de uma imperfeição acumulada por aquilo que nos rodeia, a destruição implacável de toda a nossa fragilidade!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Gata das Trevas

Sobre chuvas espontâneas
Águas deprimidas
Gelos e Lumes
Eu avistei

Lá estava, mas que criatura!
Olhos satanicamente divididos
Por abismos simétricos
Mas que frieza!

Mas que metáfora vem a ser esta?
Esta emoção de amor e morte
Estes pólos extremistas
Ai, que assombro

Camuflagem das Trevas
Negro do Azar
Olhares de má fortuna
Terror nas Ramificações
De minha alma

Mas que Ultra Romantismo tem sido este ultimamente? - Questiono-me.

domingo, 19 de outubro de 2008

A Armadura de um Sexto Sonho

Minha boca
ensaguentada estava ela
Alegorias mutilantes
Venenos segregantes

Mantos rastejantes
De pedras renegadas
Rastejava eu neles
Sem acreditar em reflexos

Verde brilhantina armadura
Descendência de um arcanjo
De onde vens tu?
Quais são tuas preces?

Ousaste em exprimir brilhos
Sobre minhas retinas
Ergueste forças enquanto levantavas asas
Saboreamos o nosso sangue
Beijos da imaginação incorrespondida
Sobre a Lua esfomeada
Perdão surreal este e eu
Não me atrevi sequer
A revelar tabus!

O Sétimo Sonho

Este foi mais um sonho
Para esta vasta colectânea
Que enche lentamente
Dilúvios de minha alma

Estávamos os dois
Dois felinos enroscados
Inocentes Inconscientes
Anarquias de nossas mentes

Abraços surreais
Naquela caixa de cartão
Vivências de um ninho de anjos

Mas entretanto o despertar
Senti suaves gotas de tinta
Sobre minhas testas
Escreviam lentamente
Letras cruas do mecanicismo...
Real!

Ilustração do Poema que está "Escrito na Pedra"


"Cresceu-me uma pérola no coração, mas estou só, não tenho a quem deixar"

Al Berto (1948-1997)
Sangue não é uma expressividade de agressão, mas sim de amor. O sangue derrama-se, não como uma forma de sofrimento físico mas sim emocional. Ali encontra-se, deslocado, um ser que nem tem consciência do mundo envolvente e de si próprio. Coberto de espinhos, da repulsa que este causa, a única vida que lhe resta são folhas que lhe crescem sobre a testa, o germinar de pensamentos rejeitados sem correspondência! Demónio de dentição feroz alimenta-se em seu crânio, representação da sua raiva, revolta recalcada sem expressão possível. Garras do sentimento cresceram em suas auriculas, um toque cego sobre superfícies naturais, toques que saboreiam o tacto de uma pérola alegórica das entranhas. Praias sanguinolentas albergam exuberantes naturezas que tanto querem saborear o gracioso tacto desta pérola. Os olhos de ninfa que se escondem numa tímida árvore protegida por chorosas folhas de limonete, querem conhecer e roubar o sentimento a este terráqueo ser. Deglutição da pérola, esta autêntica relíquia de masturbação mental!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Abandonando o Crepúsculo

Vou abandonar este nicho de mistérios
Este nevoeiro mental
Me tem dificultado pensamentos
Tapando as vistas em cegueira

Este Crepúsculo vindo do nada
De onde vieste tu? Diz-me?
Este crepúsculo que me agarra
Agarra em âncoras autónomas

Crepúsculo este
Quantas vezes eu repousei nele
Em sonos impossiveis
E sonhos sintéticos
Dos momentos do Nunca

Vou abandoná-lo
E procurar outros nichos
Que sejam dignos de consolação
Ser guerreiro novamente!

Plantas que germinaram sobre meus Ventrículos




Plantas que germinam
Irradiam aleatoriamente
São frutos todas elas
Rebentos sem compreensão
Alguém sabe de onde eles vêm?
A amargura em vigor
As lágrimas de Outono que descendem das solitárias árvores
O crepúsculo que não se corresponde
A náusea dos reles que nos rodeiam
Pobres rebentos estes!
Um dia serão salvos deste corpo insano
Terão direito de respirar um oxigénio
Puro sem abafos
Abafos de Romantismo e Negrume
Plantas estas que foram feitas para viver...
Em utopia estética

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Curiosity killed the Cat

A pérola da Solidão segundo Al Berto


"Cresceu-me uma pérola no coração, mas estou só, não tenho a quem deixar"


Segundo a edição do Público de uma Sexta-feira, 18 de Janeiro de 2008, este poema foi um dos que ficou digamos "escrito na pedra"! Agora, o nosso plano de trabalho da disciplina de Desenho A é a ilustração deste poema. Poema este do poeta português Al Berto (1948-1997).

Este desenho simplesmente se trata de um dos esboços do diário gráfico, pois ainda não parti decisivamente para o trabalho em si. Em principio utilizarei depois a técnica de aguarela. Não se preocupem, disponibilizarei depois a ilustração definitiva aqui no blogue. No fundo este esboço retrata uma espécie de desterrado com coração à mostra. Por mais que seu coração se mostre, parece que ninguém se interessa por seus sentimentos. É um ser preso à terra, pois não tem oportunidade de disfrutar de um ascetismo amoroso. Uma minoria de penas que cresce em peles frágeis e depenadas! A venda que se encontra colocada em seu cabelo é o escudo contra a realidade que será enfrentada mais tarde ou mais cedo. Resumindo a situação da personagem: o amor é a alegoria do poço! Executado a grafite sobre papel de esquiço.

Pescoços


Pescoços, que são pescoços? Não lhes chamaria pescoços! Eu diria que são as vias que albergam os orificios da verdade e da falsidade! Ali circundam palavras, secretas e indiscretas, ausentam-se até à sua revelação! São os orificios que nos contaminam os organismos e onde corre fluidamente o nosso ego fogoso! Chamas que se desenvolvem na alma e pulmões que se soltam em piromania gracejante e pesada. As palavras quotidianas que libertamos, um pedaço de chama que se liberta para o exterior! Somos seres semelhantes a dragões exuberantes! Rios sangrentos que alimentam nossa cabeça cheia de pensamentos fúteis e ricos! Carótidas elas se chamam! Pescoço corporal esponjoso, frágil, que nos enaltece em fragilidade. Um corpúsculo indefeso que vive colado a nós, de quem nós dependemos. Irriga sangue que alimenta as retinas, nossas visões cruas, consolantes ou impossiveis! Resumindo em palavras definitivas, o veneno de ilusão! O espectro que nos atribui cor e vida! São estes veludos sedutores sobre as nossas peles que se estendem sobre pescoços das visceras elegantes! Temos receio de o quebrar, pois sua quebra é desastrosa, destruindo graciosidades nossas!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Felinos Humanóides


Onde quer que eu esteja, está o meu diário gráfico. Um calhau que irá sempre ocupar um pouco da minha pasta. Corro de um lado para o outro, frenético que nem uma barata, à procura da minha sala de aula naquela escola que parece um hospital. Sim, eu refiro-me à nova Soares dos Reis que me está a pôr os nervos em franja por ainda não ter tecnologias disponiveis para os alunos e eu mal posso esperar por começar a projectar! Por enquanto, fico-me pela teoria e lentamente vou ganhando inspiração para o tema "Antigamente é que era bom". E vou desenhando no diário gráfico! Andei a divagar um pouco sobre a minha rotina quando devia estar a falar dos felinos humanóides. Na maioria das vezes, quando crio personagens não lhes costumo desenhar com nariz. Porquê? É dificil justificar! Já que desde pequeno tenho a panca de desenhar personagens sem nariz, não sei porquê, acho que lhes atribui um toque de inocência e lhes retira imponência. Mas quando quero criar uma personagem desafiadora e respeitosa, desenho-lhe um nariz penetrante e adunco!
Até ter visto que os meus narizes eram de tal maneira grandes que davam para criar um nariz bonito de felino. Foi muito recentemente que me diverti a desenhar felinos humanóides no meu diário gráfico, e acho que vou produzir uma dúzia de seres como estes!
Não chamo a isto original, mas posso dizer que simplesmente variei um bocado de temática! Estes felinos são as criaturas estreantes deste tema. Ainda se resumem a simples ensaios que poderão inspirar futuras personagens. Mas não pensem que as próximas invenções terão o ar calmo e amoroso destes felinos. Vou tentar fazer uma coisa mais pesada, mas isso depende da minha imaginação que tem os seus altos e baixos. Abram a imagem se a desejam ver com maior qualidade, como é óbvio! No canto superior esquerdo do segundo desenho estão escritos os endereços de alguns bons exemplos de multimédia, desde animações a websites onde estivermos a navegar nas aulas e que eu faço favor de registar.
Referindo-me novamente aos desenhos, francamente acho que o meu estilo de desenho corre o risco de perder originalidade e aproxima-se demasiado à corrente manga.
E mais uma vez me refiro à anatomia que precisa de ser melhorada e também treinada. Muitos psicólogos defendem que na infância é que está a essência da criatividade, pois a nossa inspiração é única e vinda do nada, pois ainda estamos enroscados num conforto de ignorância! À medida que crescemos, é óbvio que o nosso conhecimento aumenta e a nossa tábua rasa vai sendo preenchida de dados e sendo assim, somos influenciados fortemente por aquilo que nos rodeia. E a consequência disso é perdermos originalidade! Evoluimos e retardamos ao mesmo tempo! E há que procurar cultura visual, de forma a tornarmo-nos originais e o mais importante de tudo, individualizarmo-nos!

domingo, 5 de outubro de 2008

Seres Intrínsecos


Uma tristeza do nosso implodir lento por dentro! A venda que em lentidão se solta dos nossos olhos para visionarmos uma realidade negra. Mal somos paridos para este mundo, o nosso conhecimento é uma tábua rasa que se preenche com as tintas crueis da sabedoria que nos abre os olhos para a fachada despida e crua. Nadamos sobre arco íris na apoteose da nossa infância, até sermos sugados por um pântano negro. A este resvalar no precipicio chamamos de amadurecimento. O doloroso processo de amadurecer! Conhecemos a frieza de terráqueos e a corrupção hipócrita e terrena. Os erros que nós e os outros cometem e que nos enchem de exaustão. Nós corrigimo-nos mas eles...será que se corrigem? Grande parte deles está se nas tintas! Somos traidos, desiludidos, muitas vezes por quem amamos e assim deixam eles vestigios carnais. Aqueles que nos abrem fissuras alegóricas sobre nossas peles. É o circulo da vida que temos de tolerar, os obstáculos são demasiados e cada um nos esmaga de forma única! Tudo isto colabora para o desenvolvimento de um negrume de nossa alma. Alegorias que se alimentam de uma bela luminosidade lunar, os veludos da noite que as emancipa!
O nosso ser enfurecido que se quer expressar sem saber como, exprimir a sua revolta em imponência, que se quer sentir superior e destruir a nossa pessoa frágil, cortês e ingénua.
Um ser que deseja esmagar as imperfeições das relações e daqueles que nos rodeiam. Não sei se todos albergam um ser como este dentro de si. Não nos podemos resumir ao facto de que simplesmente somos uma só pessoa. A nossa mente é uma dimensão abismal de onde podemos extrair uma infinidade de elementos que são fulcrais na nossa personalidade, ou seja, nem que seja um pequeno pensamento que nos venha à cabeça, é decisivo na construção do nosso carácter. A consciência moral é um ser que nos susurra ao ouvido, tanto para o bem como para o mal. Mas neste caso estou me a referir a um ser de revolta, que deseja descarregar a sua raiva num impacto esmagador! Como diria Jean Jacques Rousseau, o célebre filósofo iluminista do séc. XVIII, todo o homem é, por condição de nascimento, naturalmente bom!Sendo submetido aos vícios da civilização, é levado à triste bárbarie da espécie e do presente!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O Desejo Paranormal do Sobrenatural

Afinal de contas, todos temos o desejo de ser mais daquilo que somos. Gostavamos de ser personagens, errantes do sobrenatural que montam a sua própria história de forma épica e heróica. E perante este desejo, torna-se doloroso o encarar da realidade crua e da frieza do racionalismo. A imaginação é uma capacidade que nos faz ter necessidade de um além, para fugir ao negrume da realidade e se ela não existisse, os motivos vitais do indivíduo iriam escassear mais tarde ou mais cedo.
A imaginação surge como uma ferramenta de compensação da realidade. Um indivíduo que tem esta capacidade reduzida é simplesmente um ser limitado, frio, demasiado enraizado na sua frieza. Imaginação é aquilo que nos mantém vivos, que nos atribui esperança em reviravoltas sobrenaturais da nossa vida. No fundo de nossos corações mas sem dar nas vistas, acreditamos no fantástico como forma de agitar emocionalmente e heroicamente o nosso ser. A conclusão a que eu quero chegar é que temos necessidade de enfrentar o nosso quotidiano como mais daquilo que somos e revelarmo-nos como seres paranormais e poderosos. Tudo isto faz parte de um processo de auto-compensação. Criamos assim personagens, seres, ambientes e cenários que são extraidos de um segundo mundo, a imaginação. Surgem assim os alter-egos. Os nossos egos são algo devem encaixar na nossa mentalidade, estabilidade e imaginação que vive interligada com a realidade. A auto-estima e a definição que temos da nossa vida e de nós próprios interfere bastante na criação de alter-egos. Seja a auto-estima elevada ou reduzida, tem extrema interferência na criação destes. E quando me refiro a paranormal, obviamente que não me refiro a tretas como "Aliens" e essa merda! Mas refiro-me aquilo que não se encontra envolvido na categoria de realidade material.
Neste pequena tese, simplesmente quero dissecar a nossa vontade interior de sermos mais daquilo que somos e vou dar exemplos: vemos a rapariga que amamos a ser assaltada e nós imediatamente a tentamos proteger. Aquilo que o nosso intrinseco desejava é que nós fossemos uma espécie de guerreiro, samurai ou ninja com poderes sobrenaturais que salva imponentemente a ninfa que estava em perigo do ser demoniaco ou de uma espécie de cavaleiro do mal! Sim, trata-se de uma necessidade de alimentar a realidade de um alimento proibido chamado, surrealismo fantástico! Ao caminharmos uma rua ordinária, desejavamos um ambiente de impacto, que os nossos olhos não estejam cansados de ver. De tudo isto surge a necessidade de criar! O impossivel é sempre reprodutivel para suportes de todo o tipo. Mas seria delicioso se todos nós pudéssemos transformar a realidade em algo favorável para nós!
Criamos histórias onde o nosso alter-ego embarca, concretizando ao mesmo tempo desejos e dramas, de modo a carregarem o enredo de peso suficientemente emocional. O nosso ego sairá sempre ao mesmo tempo favorecido e desfavorecido, os dois opostos inevitáveis!