quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Canção do Corvo para o Cisne

O Ultra Romantismo do Sec. XIX dominava as mentes da época! Trajectos frios de cinza, negrume dos trajes que circuncisavam cidades entristecidas. Em mansões isolavam-se artistas, poetas perdidos no seu abismo interior de dimensões do fantástico. Deliciosas eram todas elas, sim eu compreendo-vos! A vida é dura e os pesos que ela nos carrega são diversos e das mais complexas formas. Rosto pálido e devastado era o do escritor Timothy Thalmadge, o chamado "poeta sem sobrancelhas". Miserável e rico era ele, vivendo só na sua mansão concentrado em madeiras velhas de secretárias, despedaçado coração de ver a sua mulher adornada por um leito de morte. Iluminação de velas eram invocações de caos na sua mente. Rumores diziam que este não usava tinta para escrever, mas sim sangue! Sangue era a sua tinta, que tanto consumiu até ter desmaiado em puros fatos pálidos! Reencarnações, sim todos acreditam, pois todos querem fugir da cegueira do limbo. Mas sim, Timothy fugiu deste lugar com sucesso. Reencarnando nas condições do animal da morte, o corvo! O corvo que vagueava habitações tumulares contrastando com as cinzas da época. Ousou a alegoria de Timothy Thalmadge trespassar as grades que dividiam campas. Explorou um lago e deu de caras com um cisne! O cisne da sua falecida esposa. Mas estas espécies, tão distintas uma da outra: a rebeldia do corvo e a graciosidade do cisne. As penas caiam lentamente das asas do corvo, enchendo um lago de prata em particulas negras. O corvo nunca poderá, nem ousará boiar aquele lago de amores. O corvo encontrou dor, de vivo e de morto, afinal ambas existiam! Visionava o humano numa ave, bicos eram lábios, asas eram braços angélicos, pescoço era elegância, penas eram as visceras que se eriçavam em sexualidade eufórica.
O verão das vidas há de sempre morrer depressa. Não se pode pedir justificações, porque muitas vezes parecem inúteis. O corvo corria o risco de se depenar a partir de agora, sempre que tentava trespassar aquelas grades. Um circulo de traições e novos rumos nos aparece perante a vida, temos que o aceitar infelizmente! Timothy cantou, durante anos, a canção de um corvo para um cisne distante: " Incorrespondências são demasiadas, solidões não faltam, pensamentos não param de planar no preto desta mente, Cinzas espalham-se em corredores, os sangues escoaram-se sobre folhas de papel que me despiram as carnes lentamente".

1 comentário:

'Lilianaa Torres disse...

gostei imenso do texto. *_* mesmo lindo. =)