Afinal de contas, todos temos o desejo de ser mais daquilo que somos. Gostavamos de ser personagens, errantes do sobrenatural que montam a sua própria história de forma épica e heróica. E perante este desejo, torna-se doloroso o encarar da realidade crua e da frieza do racionalismo. A imaginação é uma capacidade que nos faz ter necessidade de um além, para fugir ao negrume da realidade e se ela não existisse, os motivos vitais do indivíduo iriam escassear mais tarde ou mais cedo.
A imaginação surge como uma ferramenta de compensação da realidade. Um indivíduo que tem esta capacidade reduzida é simplesmente um ser limitado, frio, demasiado enraizado na sua frieza. Imaginação é aquilo que nos mantém vivos, que nos atribui esperança em reviravoltas sobrenaturais da nossa vida. No fundo de nossos corações mas sem dar nas vistas, acreditamos no fantástico como forma de agitar emocionalmente e heroicamente o nosso ser. A conclusão a que eu quero chegar é que temos necessidade de enfrentar o nosso quotidiano como mais daquilo que somos e revelarmo-nos como seres paranormais e poderosos. Tudo isto faz parte de um processo de auto-compensação. Criamos assim personagens, seres, ambientes e cenários que são extraidos de um segundo mundo, a imaginação. Surgem assim os alter-egos. Os nossos egos são algo devem encaixar na nossa mentalidade, estabilidade e imaginação que vive interligada com a realidade. A auto-estima e a definição que temos da nossa vida e de nós próprios interfere bastante na criação de alter-egos. Seja a auto-estima elevada ou reduzida, tem extrema interferência na criação destes. E quando me refiro a paranormal, obviamente que não me refiro a tretas como "Aliens" e essa merda! Mas refiro-me aquilo que não se encontra envolvido na categoria de realidade material.
Neste pequena tese, simplesmente quero dissecar a nossa vontade interior de sermos mais daquilo que somos e vou dar exemplos: vemos a rapariga que amamos a ser assaltada e nós imediatamente a tentamos proteger. Aquilo que o nosso intrinseco desejava é que nós fossemos uma espécie de guerreiro, samurai ou ninja com poderes sobrenaturais que salva imponentemente a ninfa que estava em perigo do ser demoniaco ou de uma espécie de cavaleiro do mal! Sim, trata-se de uma necessidade de alimentar a realidade de um alimento proibido chamado, surrealismo fantástico! Ao caminharmos uma rua ordinária, desejavamos um ambiente de impacto, que os nossos olhos não estejam cansados de ver. De tudo isto surge a necessidade de criar! O impossivel é sempre reprodutivel para suportes de todo o tipo. Mas seria delicioso se todos nós pudéssemos transformar a realidade em algo favorável para nós!
Criamos histórias onde o nosso alter-ego embarca, concretizando ao mesmo tempo desejos e dramas, de modo a carregarem o enredo de peso suficientemente emocional. O nosso ego sairá sempre ao mesmo tempo favorecido e desfavorecido, os dois opostos inevitáveis!
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
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1 comentário:
Algo como nos olharmos ao espelho. Vemos coisas que nunca poderiamos ser. Herois que voam, fadas que fazem o sol brilhar, pessoas normais que ao apontar, desejos se realizam.
Sim. as pessoas têm a mania de sonhar com o que gostavam, mas com a parte impossível da coisa. daí ser a imaginação, um sonho que toda a gente tem.
Inspirou-me o teu texto, mas nem saiu grande coisa. :)
beijinho**
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