sábado, 29 de novembro de 2008

Luz e outras Alegorias

Sobre rochedos sós
Os astro precipitam
Sobre ti, a luz
O simbolismo de Esperança

Corajosos e firmes Calcanhares
Que pisam em constância
Numa neve gélida incompreendida

Mas tu compreendes
Esta neve é morno de tua alma
São caricias sobre mãe natureza
São leitos brancos e fogosos
Que se descacam de tuas peles pálidas

Existirás e serás
O Ouro escondido nas ervas
Que mata as fomes
A Nudez sobre águas prateadas

Caem os sulcos de fruta
Sobre as tuas testas
E cabelos enrolados em teus seios

Mas lamentavelmente é o que digo
Tu não existes
Nem sei se és tal coisa imaginável
Por mais que te imaginem

Perdoa-me ser impossivel
Este mundo vilão onde eu habito
Minhas garras de humano
Nunca revelerão extremismo de Ciclope

Deus é chamado
O vulto que se mascarou de Deus
Que não era mais do que um ordinário
Ignorante sábio que falhou como todos nós

Vive esses terrenos inconcebíveis
Na solidão morna do teu gelo
Sê inconsciente até ao eclipse
Não te atrevas a deleitar-te nestes leitos
Que há pouco me referi

Porque eu, enquanto terráqueo
Finjo e finjo, sou fingidor
Finjo felicidade, faço vontades
Sou um guerreiro desértico
Com um talismã quebrado em cinzas

Arrogante e deprimido
A jaula da minha alma
Que sangra constantemente de suas asas

Mas prometo
Um dia serás minha
Cuspirei nas fachadas do benigno mortal
Esculpirei realidades impossiveis
Sendo algo em que sou mestre
Porque a minha vida
É um constante construir de alegorias


Tiago Araújo

domingo, 23 de novembro de 2008

Mensagem a uma Falsa Utopia

Atrevem-se vocês
A romper sonos deliciosos
Sobre meus leitos da Morte

Esta morte surreal
Me leva a dimensões do fantástico
Que vocês jamais embarcarão

São vocês os espectros
Que querem assombrar minha inconsciência
Mas um dia destruirei e mutilarei
O espectro mor da obsessão taxionómica

Ignorantes e ruins bestas
Não me provoquem
A lua da minha mente necessita
De ser constantemente alimentada por ilusões
Ilusões surreais da morte minha
O meu pleno encerro ao exterior

Minhas mãos deslizam sobre os esquiços
Num traço solto e livre
Numa missão fulcral para mim próprio
A derrota implacável da realidade
Envolver o real com leves veludos do eclipse

Pobres sãos e medíocres
Mas que piedade, que inferioridade
Nunca terão a chance
De se deleitar com um experiencialismo estético
De ciclópica intensidade

J. Mind Sullivan Elvenpath

sábado, 22 de novembro de 2008

Não há tréguas perante estes mares

Sereias gritantes
Não se escondam
Pois as minhas visceras
São eufóricas por Natureza

Deixem-se de ser parvas
Entreguem-se ao meu ser
Superior deveras
Que vos criou com amor e tesão

Estendo meus olhares
Sobre estes mares de prata
Meus cabelos vermelhos pairam em brisas
Meus espelhos vagueiam serenos
Guelras e retinas dilatam

A minha fome de ser predador
Constante e constante
Não vos perdoará
Assombrará vossas vaginas
Para sempre!

Siren Nightingale

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Virgindades de Felinos


Animais errantes
Sem direitos concedidos
Sustentam-se de Instintos
Tendem a ser humanizados
Humanizados pelos corajosos
Pelos desumanos extraordinários
Ossos e carnes cerebrais que deambulam por folhagens
E criam sem cessar
Musas inimagináveis
Imagino-vos eu, deleito-me eu
Dotadas de Inocências animalescas
E sonhos do meu terraço
Imagino-vos selvagens como feras
Com garras que descascam colunas masculinas
Olhares de leoa que deliciam em ferocidade
Silhuetas elegantes e cabelos que são fios de água
Mornos fios de liquido amniótico da origem
Luares são os suspiros
Que afagam os nossos corpos
Em leitos amorosos
Crepúsculo que envolve
Felinos da alma humana
Espelhos brilhantinos e puros
Olhares do encanto mortal
Inocências Irracionais Inconscientes
Perante estes mares de veludo loiro
Nos sussurramos eroticamente
Exaltação de nossas vísceras
Numa hegemonia dogmática do amar
Tiago Araújo

Abismos Proibidos

Já nem sei
Que abismo é merecedor
Merecedor dos meus passos

Estes abismos não cessam
Sucedem e perseguem-se
Como espectros poderosos

Quando é que meus passos
Irão subir o torreão de um castelo
Um castelo construído sobre crepúsculos
Crepúsculos de sons harmónicos

Cada vez temo mais
As facadas da ausência
Ausência da correspondência
Não há beijo que me salve

Uma rosa do crepúsculo
De amores aleatórios
Cresceu e cresceu
Acabando desgraçadamente
Banhada numa maresia de esqueletos

Ó Lobo que uivas
Criaturas resguardadas e chorosas
Perdoem este ninho do nada
Do nada que nada pariu
Nem fruto saudável fez germinar

Madeiras velhas de secretárias
Sobre as torres da minha mente
Abro as fechaduras douradas
Para visionar aquele caos ambiental
Papéis dispersos e alegóricos
O dilúvio de gavetas

Minha alma incendia-se
Em chamas e símbolos de coragem
Carnes de minha mão querem arrumar
Caos de minhas gavetas
Um arrumar calmo de pensamentos
Arrumando um trilho de lágrimas

O terraço dos sonhos
Repleto de rosas mastigadas
Um mundo proibido que rejeita meu passo
Estarei eu, destinado
A engolir crânios a minha vida inteira?

Tiago Araújo

domingo, 9 de novembro de 2008

Saxion Amoremort (?-?)

Saxion Amoremort, um demónio milenar criado pelos mitos inconscientes da ignorância da Idade Média. Fantasia e Religião eram os dois expoentes unidos e imbativeis da época, não há religião sem se acreditar em certas fantasias. Hereges eram aqueles que simplesmente não acreditavam em fantasias e condenados eram aqueles que tinham sabedoria. Os ignorantes bárbaros, pelos seus actos de rudeza e de mente repleta de fanáticos mitos falaciosos criaram um monstro. Este monstro andrógeno, sem qualquer identidade sexual, nervuras de visceras e ramos o compunham, dotado de um sorriso feliz e macábro e em profundos níveis de seu corpo habitavam os frios olhares de um mocho que o protege da ignorância. Uma vasta gama de medos carnais balançavam aquelas miúdas sinapses nervosas dos lendários e insignificantes. Dentro de suas mentes, a falta de humanidade e a sua limitação em acreditarem em surreais mitologias e fantasias, foi a semente da dádiva de nascimento a um medo tumular chamado de "Amoremort". Saxion esconde-se em florestas nunca embarcadas, pântanos nunca mergulhados, grutas nunca pisadas, lugares onde o preconceito dominava em apogeu. E assim, durante centenários, este demónio foi um predador mal interpretado. Por detrás de um olhar gélido cheio de satanismos e disfemismos, garras que despiram mil e uma carnes, encontra-se um colossal mal-entendido. Era sim um demónio, que exprimia o seu amor e ingenuidade de forma violenta, mal interpretada e mortal a seus hóspedes corajosos. Assim se chamava ele, de Amoremort, o amor perverso recalcado numa besta furiosa. Saxion era um demónio com extremos vícios sexuais, violando sequóias ou mesmo humanos que invadiam aqueles aleatórios ambientes. E assim é este, o amor de Saxion, que decapitaria, mutilaria qualquer ser. Um ser hermafrodito, apesar de ter esculpida uma vulva no meio de suas ancas vegetalistas. E assim, este monstro viveu milénios e irá viver continuos centenários de fome repetitiva. A ignorância é algo que nunca se irá eclipsar, o mito nunca irá cessar! (Apresentarei o desenho da personagem)