Que nem passados mente
Nem saberá mentir
Nem sabe se sabe mentir
Ou mente inofensivamente
Só sei sonhar, não sei outra coisa
Segrego ópios pelas minhas sinapses
Não soube ser auto-didacta de outras coisas quaisquer
Sonho o Impossível Incansável
Que me cansa de o tanto aspirar
São voos meus, perdoem-me
Só as aves me poderão acompanhar
E paridas asas serão das minhas costas
E irei disparar meus egos
Na forma de balas ensanguentadas
Eis estes encobertos temporários
O disfarce das fachadas fuziladas
E em nudez das minhas carnes
Contemplo bocas elegantes e femininas
O meu resumo tumular e radical de sentidos
Se há alturas em que não conheço vulgaridades
Não há oito nem oitenta
Não conheço aquilo que atribui mantos carnais às coisas
Não sei se existo, se sou obra ou feito
Mas por enquanto sonha-se!
Tiago Araújo